quinta-feira, novembro 10, 2016


Tão só!

odete ronchi baltazar
Era como se estivesse só.
Ele, entretido com seus pensamentos, não percebia mais sua presença.
Ela já se acostumara a ficar sozinha a dois.
Tão pouco falava que foi perdendo as palavras, secando as frases, apagando os verbos.
Agora, sentada em frente à tv, rumina sonhos que, bem sabe, nunca haverão de ser.
Com esforço se levanta do sofá rasgado e vai para a cozinha.
Arrasta os velhos chinelos, senta-se na cadeira carcomida pelo tempo e, mais uma vez, só, serve-se da comida fria mastigando a solidão.

Um comentário:

spersivo disse...

Fantástico Odete! Seus versos são maravilhosos! Vou colocar no Jornal Diz Persivo, se me permite. Ganhou um fã! Silvio Persivo

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